Há
42 anos, Carlindo José Credidio Macedo viu chegar no Brasil o primeiro
rolo compactador vibratório de pneus.
Tinha
21 anos, estreava como vendedor de máquinas e optou por montar uma
carteira de clientes pequenos: "Batia de porta em porta nos escritórios
de engenharia. Lembro do Olacyr de Moraes na Constran, uma empresa
pequena, mas com muita perspectiva de crescimento." Hoje, aos 63
anos, Macedo continua vendendo, mas não bate mais em portas. Abriu
o que Oswaldo Gutierrez, gerente geral da Sergut, chama de "uma
janela para o mundo": a Metramaq Equipamentos Pesados, site de venda
on-line de máquinas usadas.

Criada
em 2001, a Metramaq (www.metramaq.com.br) registra uma média de
400 visitas/dia, tem um mailling de 7 mil compradores qualificados
e, entre 2002 e agosto passado, realizou cerca de US$ 5 milhões
em negócios aqui e no Peru, Bolívia, Uruguai, Paraguai, Portugal,
Holanda, Estados Unidos, Canadá, México, Angola, Moçambique e Emirados
Árabes.
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Nesse
ultimo caso, o vendedor estava na Venezuela, o comprador fez o pagamento
do Canadá e a máquina seguiu para Dubai.
Foi
a Metramaq que desmobilizou o canteiro de Obras do Consorcio Imigrantes,
quando concluída a duplicação da rodovia. "Milhares" de bombas de
concreto, transformadores, cabines de eletricidade, ferramentas
manuais e até cadeiras renderam R$ 2,5 milhões, em nove eventos
mensais de venda que atraíram 125 empresas de 14 estados do Brasil
e países da América do Sul. Em novembro, outra venda na Venezuela,
para a Suropca, da italiana Impregilo, faturou cerca de US$ 1 milhão
com caminhões-pipa e off-roads, carros-oficina, comboios de lubrificação,
pás-carregadeiras e guindastes, entre outros.
Mas
Macedo não pára por aí, tem na mira um pacote de máquinas do Peru,
um da Argentina e um de Portugal até março de 2004. Está montando
a Carlindo Comercial Importadora e Exportadora, para suporte ao
negócio e pode se associar ao leiloeiro Eduardo Biasi, realizando
também leilões on-line.
"Me
sinto com 40 anos, entusiasmado e com grande capacidade de assimilar
um negócio e criar outro dentro dele", afirma.
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FORÇA
DO HÁBITO |
Empreiteiro
de porte médio, como se define, o engenheiro Osvaldo Gutiérrez, da
Sergut Constructora Servicios, sediada em Santa Cruz na Bolívia, descobriu
a Metramaq pesquisando na Internet e, em Abril de 2002, fazia sua
primeira compra de uma usina de asfalto no Peru. Gutierrez não foi
conhecer esse primeiro equipamento, nem os seguintes: compactadores,
escavadeiras e motoniveladoras. Além do diferencial de preço - "entre
30 e 40% menor" -, Gutierrez considera a marca, ano e fabricação e
o histórico de manutenção. "Não adianta ver o produto. Seria necessário
um exame muito exaustivo para detectar os problemas. É o histórico
de manutenção que garante o risco. Mas, quem compra uma máquina usada
está preparado e sabe que intervenções serão necessárias." Há risco
também em comprar pela Internet, lembra Gutierrez, |
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onde bons negócios se confundem com ofertas desonestas. "Meus termos
com o Carlindo (Macedo) são de confiança. Para mim, é ele quem deve
averiguar a procedência do que está vendendo", explica. Gutierrez
que cursou engenharia mecânica e fez mestrado em termodinâmica na
PUC (Pontifícia Universidade Católica) do Rio de Janeiro, veio ao
Brasil desta vez procurar peças de reposição na M&T Expo. "É uma feira
muito interessante, para se reciclar e manter atualizado, e com opções
para pequenos, médios ou grandes empreiteiros". Ao passar pela Metramaq,
no entanto, não resistiu a uma busca no site: "É uma janela aberta
para nós, de fora do Brasil. Acabo de ver um equipamento que me interessa,
mas nem precisava ter vindo da Bolívia a São Paulo para isso", brinca.
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Vocação
- O conhecimento e experiência de Macedo no Setor vêm de longe.
Em 1963, entrou para a Lion revenda Caterpillar hoje incorporadora
da Sotreq, como inspetor de peças. Era um dos poucos ali que cursava
uma faculdade - a ESPM, então Escola de Propaganda de São Paulo
- e, não contente, formou-se depois em Administração de Empresas
e Direito. Também aprendeu inglês e, em 1964, traduzia o material
técnico da Caterpillar norte-americana para o português e, com ele,
estruturava treinamentos.
Participou,
ainda, da criação do SEMR - Serviço Especializado em Material Rodante,
que existe até hoje e, aos 24 anos, como sub-gerente, conheceu os
Estados Unidos e a Europa.
Em
1972 já era gerente da área de peças , que havia "encampado" a de
serviços e, 1979, ajudou a implantar a estrutura que possuía nas
novas filiais do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (então um só estado),
Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia. "A Lion era o maior dealer Caterpillar
do Brasil e um do maiores do mundo", relembra.
Na
época seu departamento operava um searching system onde, durante
o dia eram digitados os pedidos dos clientes e, à noite, feitas
as transferências automáticas do estoque das filiais para São Paulo,
ao mesmo tempo em que as peças eram trazidas de caminhões.
Na
manhã do outro dia, o cliente tinha uma nota fiscal em seu nome
e sua compra separada.
"Não
perdíamos um só pedido. Em 1984, o faturamento da Lion só em peças
foi de US$ 50 milhões", conta Macedo.

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Negócio
- Em 1985, encantado com uma nova proposta, Macedo foi para o Banco
Real, lidar com compras, segurança, comunicações e suporte às agências.
Como "dormia e acordava pensando em máquinas", mudou-se para o grupo
Santo Amaro, revenda Ford, onde implantou um sistema computadorizado
para a área de peças.
Também
não era isso e resolveu entrar para a divisão de Manutenção dos
Equipamentos e Suprimentos da Camargo Corrêa, dirigida pelo próprio
Sebastião Camargo. "Ele se preocupava muito com a manutenção dos
equipamentos e fazia isso de maneira centralizada", diz Macedo.
A oficina, em Guarulhos tinha 120 mil metros quadrados, 900 funcionários,
comprava e distribuía peças de reposição para obras em todo o País
e cuidava de toda a frota - só em tratores Ceterpillar D8, perto
de 150 unidades.
Já
coordenador de vendas de equipamentos usados da construtora e, tendo
realizado 95 leilões com leiloeiros oficiais, Macedo foi chamado
pelo hoje superintendente da holding, Pietro Francesco Giavina-Bianchi,
para criar um sistema on-line de venda de máquinas, que depois se
tornaria um empresa independente: a Metramaq. "Meu contrato com
a Camargo Corrêa para vender parte de sua frota de usados dura até
hoje", orgulha-se.
Ganhando
amplitude, a área de classificados da Metramaq inclui, além de construtoras,
as listas de revendas de fabricantes. O anuncio é gratuito e sem
restrições de ano, preço ou tipo de equipamento. Em eventos maiores,
como o do consórcio Imigrantes, tudo é numerado, fotografado e tem
a venda divulgada por email para todo o mailling da Metramaq, continuamente
alimentado e atualizado. "Para evitar complicações, procuramos obter
o maior número de informações sobre cada cliente. Não tenho o menor
interesse em mudar a imagem que conquistei no mercado", garante
Macedo.
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